Como funciona o processo construtivo ?

 Como funciona o processo construtivo

Quando falamos em construção, vem logo a idéia de complexidades e gastos, seja com mão de obra ou materiais utilizados. Não é bem assim. Como em qualquer processo existe seus critérios, no construtivo há também, mas existe um padrão mínimo a ser seguido para fazer dar certo. Aqui tentarei ser o mais informal e detalhista possível nas etapas de forma a facilitar o entendimento ao mais leigo. 

Como não é minha intenção descrever sobre a parte técnica da construção devido a riqueza do assunto, então, serei específico para construções feitas com tijolo de solo-cimento(Ecológico) que é a parte interessada aos proprietários. A parte técnica fica na responsabilidade dos profissionais (Projetistas, Técnicos em Edificações, Engenheiros, Arquitetos) envolvidos.

Esclarecimento

Já informo de antemão que há diferentes formas de se chegar ao mesmo resultado, então, caso você seja entendido do assunto e os conceitos aqui aplicados sejam diferentes dos teus, será sábio de sua parte saber que existe mais de uma forma de se fazer a mesma coisa.

1) Escolha do terreno 


Esta fase é muito importante pois todo terreno tem suas peculiaridades e geralmente é formado por mais de um tipo de terra, oscilando em resistências diferentes e assim implicando em qual tipo de fundação será adequada. Por isso, é preciso fazer uma checagem da superfície afim de diminuir gastos futuros, e pode ter certeza, diante dos possíveis problemas que podem ocorrer, por cautela fica bem mais barato contratar uma empresa de sondagem para fazer uma análise antes de pensar na questão estrutural.

1.1) Como funciona a sondagem


O método mais amplamente usado chama-se Standard Penetration Test (SPT) ou "teste básico de penetração no português claro. Nele, um tripé montado no local a ser estudado solta um peso de 65 kg, que cai e golpeia o solo até cravar um tubo metálico ( chamado de barrilete) na terra. O número de batidas necessárias para enterrar essa peça indica a resistência do solo naquela camada (o procedimento é repetido, no mesmo ponto, a cada metro de profundidade, até encontrar o lençol freático ou extratos mais firmes). A cada golpe, uma amostra é separada. Esse material é depois analisado por um geólogo a fim de precisar os tipos de solo encontrados no terreno e suas características.

1.2) Topografia

 








Com três opções : plano, aclive ou declive, o lote poderá ser aproveitado pelo arquiteto conforme suas condições naturais. Terrenos em aclive proporcionam construções com paisagens deslumbrantes, contudo vale lembrar que é possível transformar um lote acidentado em plano, porém exigirá um custo mais alto.

2) Projeto 

Para agilizar a obra, tenha em mãos as 4 principais plantas moduladas, sendo estas :

 Planta Baldrame

 Planta Primeira Fiada


Planta Independência de Paredes

 
Planta de Localização dos Grautes, Portas e Janelas

3) Baldrame


Para construções a serem feitas com tijolos de solo-cimento, o encarregado deverá já ter em mãos a planta baldrame, tendo como base a paginação dos grautes e da primeira fiada, respeitando a distribuição correta e os limites impostos pelos módulos devido os encaixes serem precisos, precavendo erros pela sobra ou falta em sua extensão estrutural.

 
Baldrame em processo de impermeabilização
Obs.¹ : É imprescindível, após o baldrame pronto, que se faça uma camada de 3 milímetros de impermeabilização afim de proteger contra a umidade para não gerar segregação na estrutura.

Tijolos Ecológicos armazenados no contra-piso

Obs.² : É aconselhável nesta fase, após o baldrame pronto,  que seja feito o contra-piso para colocação dos paletes com os tijolos facilitando o armazenamento, deixando-os próximos e de fácil alcance para o pedreiro além de manter a limpeza da obra durante o assentamento. 
 
4) Primeira fiada


A primeira fiada de tijolos é a parte mais importante e por isso seu assentamento deverá ser criterioso e metódico. Antes de assentar a primeira fiada, deverá ser aplicado impermeabilizante asfáltico na posição das paredes. Para cada tijolo assentado, deverá ser visto o nível longitudinal e transversal, um a um. Caso ocorra erro nesta fase, será irreversível sua correção assim comprometendo a obra. Então, preste muita atenção. 

Os tijolos devem ser assentados com uma camada fina de massa convencional e a areia deverá ser impecavelmente limpa e de preferência peneirada para não haver problemas de contaminação ocasionadas por pedras e sujeiras que podem atrapalhar o nivelamento.

 Espaçamento entre tijolos


Deve ser respeitada sempre uma folga de 1 a 2 milímetros entre os tijolos pois como qualquer outro material, 


este também sofre dilatação e retração conforme as mudanças climáticas e assim evitando possíveis trincas posteriores.

Obs. : Deve-se usar sempre uma linha para não perder o traçado da parede evitando assim a sinuosidade.


5) Grautes ("Arranques")

A planta grautes, portas e janelas também sinalizam o local dos "arranques" que formarão os grautes. 

Fazendo o furo para colocação do graute

Após o assentamento da primeira fiada, com furadeira e broca 3/8 faça um furo de 10 cm de profundidade no baldrame nos locais indicados conforme a planta "grautes" (Ferros que formarão as colunas).

Grautes já colocados
 
Corte as barras de ferro 3/8 com 1,6 mts de comprimento untando com "BIANCO" ou "BAUTECH Graute Epóxi Super Fluído" na ponta do ferro a ser introduzida no furo feito no baldrame e assim subsequentemente até posicionar todas as barras.
 
6) Portas e Janelas
 
Ao colocar a primeira fiada, deve-se apenas posicionar os tijolos sem massa nos espaços das portas, ignorando o intervalo para se ter noção da sequência no final, retirando os espaços das portas posteriormente. Com isso evita-se o desencontro dos tijolos, o que seria fatal para a obra. É importante notar que este tijolo só pode ser contado inteiro ou pela metade (múltiplo de 12,5 cm). Então, é melhor escolher portas que tenham um tamanho mais aproximado ao do tijolo. 

Porta e Janela assentada
 
Consideramos aqui como medida o módulo mais largamente utilizada, que é 25 cm X 12,5 cm X 7 cm, então horizontalmente uma porta de 70 cm vai caber no espaço de 3 tijolos (25 cm x 3 = 75 cm), sobrando apenas um pequeno espaço de aproximadamente 5 cm em volta. Já uma porta de 80 cm precisará de mais 1/2 tijolo (somando 87,5 cm), deixando uma sobra nas laterais de 7,5 cm. Mas, é claro, se você optar por portas de tamanho diferentes(medidas especiais), haverá um jeito de contornar as laterais com um pouco de criatividade e ferramentas adequadas. O mesmo critério serve para as janelas.

7) Assentamento dos Tijolos

Disposições dos tijolos


Para fazer o assentamento pode-se utilizar cola branca PVA preferencialmente, massa pronta para assentamento ou até uma mistura de argamassa + cola + água. A vantagem da cola branca (PVA) será o acompanhamento da dilatação e retração e também o fato de que o produto vem pronto para ser aplicado e é fácil de ser encontrado nas lojas, agilizando e diminuindo o tempo nesta fase.

Um detalhe interessante nesta etapa é o fato de que como na maioria dos casos o tijolo ficará aparente, então, "a equipe deverá ter consciência de que desde o assentamento do primeiro tijolo a obra já estará no processo de acabamento, por isso exige-se capricho do início ao fim da alvenaria". Excesso de cola aplicada gera desperdício e escorre tornando horrível o acabamento. Assentamento rápido sem critério de faceamento de ambos os lados da parede, também desvalorizará o visual.

A foto a seguir mostra uma parede de tijolo ecológico construída por duas equipes diferentes. O proprietário da obra, insatisfeito com a qualidade da execução da primeira equipe, resolveu trocar a equipe. 

Você consegue descobrir - olhando a foto - em que fiada a segunda equipe assumiu o trabalho?

Assentamento feito por equipes diferentes

Não é necessário que a equipe tenha experiência prévia sobre tijolo ecológico para realizar um bom trabalho, mas é fundamental que tenha humildade e interesse em aprender a lidar com este material para garantir uma bela aparência.  

Etapas 1 :




Limpe com uma vassoura ou pincel a poeira, resíduos ou possíveis pedrinhas na parte superior do tijolo para garantir o perfeito encaixe e que a cola realmente entre em contato com o tijolo.


Etapa 2 :




Para os tijolos de de 6,25 cm de espessura faça os cantos até 8 fiadas no qual atingirá 50 cm de altura, que será a altura limite para cada concretagem dos grautes, já contando a 1ª fiada colocada anteriormente. 

Com os cantos levantados, facilitará a colocação da linha e você terá noção aonde deverá parar para realizar a concretagem de todos os grautes. 

Obs: Este processo de concretagem deve ser realizado a cada 50 cm de altura impreterivelmente.

Etapa 3 :


Assentamento entre cantos : Faça a limpeza sempre a cada nova fiada e aplique dois filetes finos por fiada de forma a não escorrer e vá assentando os tijolos entre os cantos e cuidado para que se mantenham nos níveis corretos tanto longitudinal quanto transversal até toda a alvenaria da edificação atingir os 50 cm de altura. Este regra deverá ser usada de 50 cm em 50 cm.

Etapa 4 :


Amarração para "T" (Paredes Internas)

 
Amarração para coluna ou coluna de canto

 Amarração para canto

Amarração : Atingido os 50 cm, deve-se fazer as amarrações nos grautes de cantos e cruzamento de paredes, conforme dispostas nas fotos acima e juntamente todos os outros grautes da edificação, deve-se realizar a concretagem de todos.

Processo de concretagem dos grautes

Concretagem dos grautes : Utilize a proporção de 1:1:3, sendo 1 quantidade de cimento, 1 de pedrisco e 3 de areia. O teor de umidade da massa deve estar de forma que veicule facilmente preenchendo por completo o duto e não deixando vazios. Utilize um funil para facilitar a entrada do concreto no dutos.

Obs. : Lembre-se, a cada 50 cm este processo deverá ser repetido tanto na questão da amarração quanto na concretagem até que se chegue na altura final das paredes (Respaldo).

8) Hidráulica

Esta é uma etapa que deve ser lembrada a todo momento a partir de quando se escolhe o tijolo ecológico como alvenaria, pois uma obra com este material não há recorte de parede, então, lembre-se : a hidráulica é feita de acordo com que se vai levantando as paredes. Não que seja impossível contornar um ou outro erro por ter esquecido de instalar um torneira por exemplo, mas se tiver que fazer depois, pense que não é adequado ser feito esse trabalho posterior e além do mais fica mais classificado como a famosa "gambiarra", o que é um pecado para uma obra feito com material tão bonito, limpo e resistente.

 Ponto hidráulico furado

Conexão colocada para dar continuidade na tubulação para cima junto com a alvenaria

A cada fiada levantada, deve ser monitorado pelo projeto hidráulico o ponto de cada torneira. Ex: Torneira externa de jardim aonde o ponto hidráulico fica a 50 cm de altura. Para este exemplo acima, deve-se lembrar que na primeira concretagem dos grautes já se deve colocar o ponto de saída externa desta torneira furando o tijolo e já encaminhando a tubulação juntamente com a alvenaria.

a) Como preparar os pontos hidráulicos

Tampando o duto


Tampe o duto do tijolo inferior ao ponto de água. Pode ser utilizado papel de saco de cimento que é encontrado com abundância na obra.

Ponto de desbaste

Dasbastando tijolo

No tijolo superior ao tijolo com duto tampado, utilize um limatão e posterior uma lima para desbastar a saída de água, no diâmetro do cano.

Furo concluído para receber a tubulação do ponto de água

Tubulação pronta para ser encaixada

Verificando a precisão do encaixe para não agredir o visual

Ponto concluído


Concretando o ponto

Atenção nesta etapa, pois caso a parede aonde será colocado o ponto de água receba azulejo, coloque uma extensão da conexão para que sobresaia o ponto hidráulico considerando a espessura do acabamento, Ex: Azulejo (Banheiro, Cozinha).

9) Elétrica


Assim como a parte hidráulica, a elétrica segue praticamente os mesmos conceitos.

a) Como preparar os pontos elétricos

Conforme descrição contida no projeto, faça a demarcação do ponto elétrico de forma que seja em coerência com a posição do duto destinado a descida do condulete ou fiação.

Condulete sendo inserido no duto

 Marcação do ponto elétrico

 Faça o corte no tijolo, nas dimensões da caixa de espera do ponto elétrico.

 Dê acabamento com lima ou limatão.

 Fixe a caixinha com cola misturada na proporção de 50% argamassa e 50% cola branca.

 Escorrimento causado por excesso de cola pode ser limpado facilmente com pano úmido, considerando o fato de que a parede já estará impermeabilizada, assim não deixará nenhum resíduo.

Passe os fios e faça a ligação e fixe o espelho, assim finalizando o processo.


10) Lage



Assim como mostrado na imagem acima, corte os tijolos no sentido longitudinal de forma a proteger o concreto para que não saia e não escorra da lage durante a confecção. Dobre os ferros dos grautes de forma que fiquem amarrados com a viga treliçada. Coloque canos no dutos não utilizados pelos grautes. Não concrete os dutos da elétrica nem os não utilizados para que o efeito termo-acústico ocorra. Os critérios para escoras segue os padrões convencionais. Os trilhos de lage pode ser aplicado com sistema de capa de lage ou EPS, assim como trilho convencional ou protendido. Usualmente aplicamos o sistema de trilho protendido tendo o custo como meta por ser mais resistente e praticamente não utilizar escoras para lances abaixo de 3,20 metros de distância. Para situação de casas com mais de um andar, consulte-nos. 



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